"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

quarta-feira, 5 de março de 2014

O Brincar em Psicanálise

Melanie Klein (1932/1997) percebeu que o brincar infantil pode representar simbolicamente as ansiedades e fantasias da criança. Sendo assim, Klein vê o brincar como expressão simbólica de seus conflitos inconscientes, pois apesar da criança não realizar associações livres, o brincar é tão importante quanto as associações que o adulto realiza; uma vez que o brincar infantil é uma forma de comunicação, em que as crianças criam um complexo mundo interno e elaboram os impactos exercidos pelo externo. Assim, o jogo não deve ser visto como uma simples brincadeira, mas como uma maneira de representar o que se encontra registrado no inconsciente.

Na análise de crianças, somos capazes de voltar a experiências e fixações que na análise de adultos frequentemente só podem ser reconstruídas, ao passo que a criança as mostra para nós como representações imediatas. (p. 29)

De acordo com Klein, o brincar é uma linguagem primitiva que está ligada à linguagem onírica, na qual estão presentes os mesmos mecanismos e métodos da representação dos sonhos, especialmente o simbolismo. E, portanto, a interpretação do brincar infantil deve se aproximar da interpretação dos sonhos, isto é, cada brincar é subjetivo e remete a diferentes interpretações, a depender das relações objetais estabelecidas pelo sujeito. (idem)

O simbolismo é apenas uma parte dela. Se desejarmos compreender o brincar da criança corretamente em relação ao seu comportamento como um todo durante a sessão analítica, não devemos nos contentar em pinçar o significado dos símbolos isoladamente na brincadeira, por impressionantes que sejam tão frequentemente, mas devemos considerar todos os mecanismos e métodos de representação empregados pelo trabalho do sonho, sem nunca perder de vista a relação de cada fator com a situação como um todo. A análise de crianças muito pequenas tem mostrado repetidamente quantos significados diferentes pode ter um único brinquedo ou um único segmento de uma brincadeira e que só podemos inferir e interpretar o seu significado quando consideramos suas conexões mais amplas e a situação analítica que se inserem. (p. 27-28)