"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Avaliação psicológica e representações sociais

Shine (2005) aponta que “a avaliação psicológica em contexto forense ou jurídico precisa ser reconhecida pelo que ela é: uma modalidade específica de avaliação com características intrínsecas ao seu objeto e objetivo.” (p. 1).
Shine (2005) explica que

[...] por objeto da avaliação psicológica se entende a questão pertinente que a avaliação trata de investigar, ou posto de outra forma, trata-se de um problema a resolver, uma questão a responder. Lembremos que a Psicologia funciona por meio da busca de uma resposta a uma pergunta específica (Qual é a inteligência do fulano?, por exemplo). [...] Uma vez que o objeto se define por uma questão-problema, o objetivo será dado pela demanda que é feita ao psicólogo em sua avaliação. (Shine, 2005, p. 2).

Porém, os técnicos em Psicologia passaram a utilizar a avaliação psicológica, esquecendo-se das implicações de seu uso. Assim, a expansão da psicotécnica se deu paralelamente à expansão de teorias psicológicas, distanciando-se dos dados que os testes poderiam oferecer (qualitativos e quantitativos) para a ampliação dos conhecimentos clínicos e experimentais. (Miranda Jr., 2005)
Tereza Mito (1998 apud Miranda Jr., 2005) denomina a avaliação psicológica baseada em testes e instrumentos padronizados como avaliação “formal”, afirmando que “ela surgiu da necessidade do profissional apegar-se a instrumentos ‘mais confiáveis’ do que a própria percepção pessoal.” (p. 160).

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Exclusão social: enfraquecimento e ruptura dos vínculos sociais

      A exclusão social é um conceito complexo e multifacetado, que compreende diversos fenômenos. Exclusão não é sinônimo de pobreza, mas ambas estão articuladas em um mesmo processo que produz e reproduz modelos econômicos, políticos e sociais de desqualificação social, isto é, não podemos refletir ou discutir acerca da exclusão sem considerar o processo de inclusão, pois ambas estão interligadas e influenciam as relações sociais.
     Diante de toda a discussão sobre exclusão social, percebemos que a carência econômica é uma dimensão da exclusão, e está ligado às relações de poder desiguais. E para esta relação de poder se manter, deve ser naturalizada a partir de discursos e atitudes contraditórios, que implicam em formas que os sujeitos encontram de se firmarem na realidade social e serem "aceitos" socialmente.
       Desse modo, vemos que a ideologia não é falsa, mas ilusória e busca formas de legitimar ideias dominantes, mascarando aspectos da sociedade ao enfatizar determinados aspectos para que outros sejam despercebidos e desvalorizados. Assim, a pobreza assume um status de isolamento, em que os sujeitos pobres buscam esconder sua inferioridade e isolarem-se dos sujeitos pobres, escondendo até mesmo de seus familiares por vergonha de sua condição de pobreza e miserabilidade.
       

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Modernidade Líquida

‎"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece".

- Clarice Lispector.





Zygmunt Bauman discute acerca do homem contemporâneo, apontando que o homem se constitui como tal em uma sociedade de prazeres facilmente consumíveis em que se vê sozinho em meio aos conflitos que vivencia devido ao processo de individualização. Tal processo surge devido ao contexto fluido em que a sociedade se encontra, consequência das incertezas e flutuações econômicas e dos valores morais e éticos. Ele aponta que a dominação ideológica, atualmente é feita por meio da velocidade, do movimento constante e do descompromisso, os quais os mantenedores da ideologia capitalista estão utilizando para se fluidificarem no existir em sociedade e a constituição subjetiva dos sujeitos. Sem rumo e orientações, sem amparo e guias e componente de instituições facilitadoras do processo de individualização, destituídas de tempo e espaço; o homem contemporâneo se configura como refém de um sistema mascarado e possuidor de identidade fluida, sem preocupação em construir e solidificar vínculos; e assim, passa a se constituir igualmente fluido. Esta é a sociedade contemporânea, constituída em uma modernidade líquida e fluida, que legitima o poder de uns sobre os outros, em que um dos lados deve se submeter ao outro. Desse modo, as relações são "descartáveis", sem estabelecimento de vínculos, pois o objetivo capitalista é o acúmulo de riqueza através da expropriação do outro. O trabalho é feito por si mesmo e em si mesmo, denotando relações individualizadas que valorizam o homem pelo que ele "tem" e não pelo que ele é.
As práticas sociais revelam que a contemporaneidade apresenta uma vida para o consumo, isto é, o homem não é reconhecido por sua produção ou criação de algo, mas pelo que ele consome. Assim, a sociedade "vende" uma imagem de novas tecnologias e novas necessidades para que os sujeitos sejam reconhecidos e exerçam papel importante nos grupos sociais. O consumo determina que a sociedade necessita destas tecnologias, o que acarreta em laços afetivos fracos e descartáveis, visto que é mais importante comprar/possuir algo do que amar e ser amado pelo outro a partir de relações concretas.