"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Modernidade Líquida

‎"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece".

- Clarice Lispector.





Zygmunt Bauman discute acerca do homem contemporâneo, apontando que o homem se constitui como tal em uma sociedade de prazeres facilmente consumíveis em que se vê sozinho em meio aos conflitos que vivencia devido ao processo de individualização. Tal processo surge devido ao contexto fluido em que a sociedade se encontra, consequência das incertezas e flutuações econômicas e dos valores morais e éticos. Ele aponta que a dominação ideológica, atualmente é feita por meio da velocidade, do movimento constante e do descompromisso, os quais os mantenedores da ideologia capitalista estão utilizando para se fluidificarem no existir em sociedade e a constituição subjetiva dos sujeitos. Sem rumo e orientações, sem amparo e guias e componente de instituições facilitadoras do processo de individualização, destituídas de tempo e espaço; o homem contemporâneo se configura como refém de um sistema mascarado e possuidor de identidade fluida, sem preocupação em construir e solidificar vínculos; e assim, passa a se constituir igualmente fluido. Esta é a sociedade contemporânea, constituída em uma modernidade líquida e fluida, que legitima o poder de uns sobre os outros, em que um dos lados deve se submeter ao outro. Desse modo, as relações são "descartáveis", sem estabelecimento de vínculos, pois o objetivo capitalista é o acúmulo de riqueza através da expropriação do outro. O trabalho é feito por si mesmo e em si mesmo, denotando relações individualizadas que valorizam o homem pelo que ele "tem" e não pelo que ele é.
As práticas sociais revelam que a contemporaneidade apresenta uma vida para o consumo, isto é, o homem não é reconhecido por sua produção ou criação de algo, mas pelo que ele consome. Assim, a sociedade "vende" uma imagem de novas tecnologias e novas necessidades para que os sujeitos sejam reconhecidos e exerçam papel importante nos grupos sociais. O consumo determina que a sociedade necessita destas tecnologias, o que acarreta em laços afetivos fracos e descartáveis, visto que é mais importante comprar/possuir algo do que amar e ser amado pelo outro a partir de relações concretas.

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