"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Considerações contemporâneas sobre o filme Tempos Modernos

O filme Tempos Modernos pode ser considerado como instrumento de protesto contra o mundo capitalista: “Tempos Modernos. Uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a cruzada da humanidade em busca da felicidade.” (CHAPLIN, 1936). A frase faz alusão à realidade vivenciada pela sociedade norte-americana após a crise da “Grande Depressão”, em 1929, que originou a quebra da bolsa de Nova Iorque.
Dentre as consequências advindas desta época, a população sofreu grande impacto devido ao número crescente de desemprego, queda nos preços dos produtos, fechamento de indústrias, exploração da classe operária, fome, doenças e desnutrição, superpopulação, etc. O filme retrata este momento com cenas impactantes de falta de esperança e desespero pela sobrevivência, com o fechamento das fábricas, as greves e a situação de miséria relatada na família, em que se vê obrigada a entregar os três filhos ao governo, por falta de condições de subsistência.
Outro fator importante para a historicidade do filme é a Revolução Industrial, que teve como maior consequência a substituição do homem pela máquina, em que o homem passa a assumir o papel de agente de direção das máquinas. Tal transformação foi expressamente retratada no filme pelo personagem Chaplin, que tenta sobreviver em um mundo confuso, moderno e industrializado, que tinha como objetivos principais: a maior produção de mercadorias, rapidez e agilidade no processo, redução de gastos e contratação de mão-de-obra barata. Entretanto, a finalidade em aumentar a produtividade das organizações enfoca apenas a realização das tarefas de forma rápida e eficiente, esquecendo-se das limitações físicas e psicológicas do ser humano, acarretando em consequências graves como a intensificação do trabalho do operário, tornando desnecessária a sua qualificação e provocando no mesmo, lesões por realizar uma única tarefa repetidamente.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Filme 50/50 e o processo de adoecimento

O filme retrata a história de Adam, um rapaz de 27 anos, simples, simpático, que vive uma vida “certinha”: não fuma, não bebe, não usa drogas. Ele vive sozinho numa casa discreta e trabalha numa estação de rádio junto ao seu amigo, Kyle.
A vida de Adam é subitamente abalada quando, em uma consulta de rotina, no seguimento de uma aparentemente inofensiva dor de costas, um médico lhe informa, sem rodeios, e sem que nada o previsse, que o jovem contraiu uma espécie rara de cancro na medula espinal sob a forma de um tumor nas costas, não tendo outra opção senão aguentar a quimioterapia e esperar pelo melhor, pois a hipótese de sobrevivência é de 50%.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Psicodiagnóstico

O psicodiagnóstico não é restrito apenas a uma conclusão específica, mas procura evidenciar questões subjetivas do sujeito e a dinâmica familiar em que está inserido e que influenciam nos sintomas apresentados pelo sujeito. Afinal, busca-se um entendimento do que está além do conhecimento do paciente, mas que lhe causa tanto sofrimento.
Cunha (2000) aponta que

Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais. É um processo que visa a identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com um foco na existência ou não de psicopatologia. (p. 23)

quarta-feira, 5 de março de 2014

O Brincar em Psicanálise

Melanie Klein (1932/1997) percebeu que o brincar infantil pode representar simbolicamente as ansiedades e fantasias da criança. Sendo assim, Klein vê o brincar como expressão simbólica de seus conflitos inconscientes, pois apesar da criança não realizar associações livres, o brincar é tão importante quanto as associações que o adulto realiza; uma vez que o brincar infantil é uma forma de comunicação, em que as crianças criam um complexo mundo interno e elaboram os impactos exercidos pelo externo. Assim, o jogo não deve ser visto como uma simples brincadeira, mas como uma maneira de representar o que se encontra registrado no inconsciente.

Na análise de crianças, somos capazes de voltar a experiências e fixações que na análise de adultos frequentemente só podem ser reconstruídas, ao passo que a criança as mostra para nós como representações imediatas. (p. 29)

De acordo com Klein, o brincar é uma linguagem primitiva que está ligada à linguagem onírica, na qual estão presentes os mesmos mecanismos e métodos da representação dos sonhos, especialmente o simbolismo. E, portanto, a interpretação do brincar infantil deve se aproximar da interpretação dos sonhos, isto é, cada brincar é subjetivo e remete a diferentes interpretações, a depender das relações objetais estabelecidas pelo sujeito. (idem)

O simbolismo é apenas uma parte dela. Se desejarmos compreender o brincar da criança corretamente em relação ao seu comportamento como um todo durante a sessão analítica, não devemos nos contentar em pinçar o significado dos símbolos isoladamente na brincadeira, por impressionantes que sejam tão frequentemente, mas devemos considerar todos os mecanismos e métodos de representação empregados pelo trabalho do sonho, sem nunca perder de vista a relação de cada fator com a situação como um todo. A análise de crianças muito pequenas tem mostrado repetidamente quantos significados diferentes pode ter um único brinquedo ou um único segmento de uma brincadeira e que só podemos inferir e interpretar o seu significado quando consideramos suas conexões mais amplas e a situação analítica que se inserem. (p. 27-28)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O papel do psicólogo sob o prisma da psicologia social comunitária

O debate acerca da inserção dos psicólogos em espaços de atuação diferenciados dos tradicionais – entre estes, a clínica psicológica, por exemplo-, não é novo. Tal debate, que traz como um dos seus pontos principais a crítica ao elitismo da Psicologia, coincide com o desenvolvimento da Psicologia Comunitária no Brasil. Esta se constitui a partir do movimento de uma série de psicólogos que criticavam o Positivismo da Psicologia Social, buscando construir propostas de transformação social a partir de maior aproximação do psicólogo com os fenômenos do cotidiano da maioria da população.
Paralelamente ao desenvolvimento da Psicologia Comunitária, observam-se contínuas mudanças nos cenários das Políticas Públicas brasileiras e, no espaço dessas novas configurações, um crescimento das possibilidades de atuação do psicólogo no “campo público do bem-estar social, a partir de uma concepção diferente das demais atuações da Psicologia: o sujeito como produtor de sua realidade social” (Ximenes; Paula; Barros, 2009).
O psicólogo tem um arsenal de contextos para atuar, e um deles é o contexto comunitário, em que é desenvolvido atividades por diferentes prismas. Interessa-nos, enquanto pesquisadores, compreender como se dá esta atuação, bem como os limites e possibilidades de enfrentamento.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pesquisa sobre divórcio destrutivo

Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse a si próprio de não ser muito bom poeta para extrair suas próprias riquezas.
(Rainer Rilke)

O divórcio é um fenômeno crescente na sociedade contemporânea e, consequentemente acarreta no aumento de ex-cônjuges que buscam a Justiça para resolver seus conflitos familiares. Um dos mitos a serem desconstruídos acerca deste fenômeno é de que o aumento crescente de sua incidência é sinônimo de deficiência familiar. De acordo com o estudo, o aumento do divórcio se deve a uma menor tolerância a uniões conflituosas e danosas e a uma maior expectativa que se tem sobre o casamento.
O artigo discutido nesta resenha aborda a questão dos papéis parentais e conjugais no divórcio destrutivo em que há filhos pequenos e insere-se no contexto jurídico durante a realização do estudo psicossocial de famílias em processos de disputa de guarda e regulamentação de visitas, especificamente no Serviço e Atendimento a Famílias com Ação Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (SERAF/TJDFT). A fundamentação teórica para compreensão dos conteúdos obtidos, bem como para compreensão da dinâmica familiar, foi a Teoria Familiar Sistêmica, pois esta abordagem “valoriza a complexidade, a contextualidade, a recursividade, o indeterminismo, a imprevisibilidade e a intersubjetividade dos fenômenos e das relações trabalhadas.” (Juras e Costa, 2011, p. 223)
 Para a realização desta pesquisa, participaram três famílias divorciadas que entraram na Justiça buscando a regularização judicial da guarda e visita dos filhos, todos eles com menos de 12 anos de idade, uma vez que nesta faixa etária, as crianças se mostram mais vulneráveis a este processo, por perceberem a dinâmica violenta sem estarem psiquicamente instrumentalizadas para lidar com o conflito e dele se afastar. A análise de dados foi feita a partir da análise de conteúdo que possibilita uma construção interpretativa com base em zonas de sentido.
Entretanto, neste estudo, os autores apontam um nome reflexivo para a uma dinâmica familiar violenta após o divórcio, em que prevalecem sentimentos agressivos entre os ex-cônjuges, incluindo terceiros no conflito. Tal conflito se denomina “divórcio destrutivo”.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Dica de livro: Gestalt-Terapia de Curta Duração

A minha iniciativa em procurar o tema Gestalt-Terapia de Curta Duração partiu de um parágrafo que li e que me levou a refletir acerca da prática do psicólogo: “as pessoas não sabem mais olhar para dentro de si mesmas e ver como são: imensas, sagradas, plenas de potencialidades. É função da psicoterapia colocar a pessoa, a todo instante, diante de si mesmas, olhando-se sem prevenção, sem desprezo, sem culpa de querer ser feliz, mas com amor, orgulho de si mesma, com fascínio e celebração da própria realidade.” (Ribeiro, 2009, p. 31)
Após a curiosidade, descobri que a frase pertence ao livro do Jorge Ponciano Ribeiro (op. cit) e se trata de um novo olhar e uma nova modalidade da Gestalt-terapia. Confesso que o título “curta duração” causou impacto e ao mesmo tempo curiosidade em saber: como é possível?
Logo, busquei aprofundamento na discussão e realizei um curso com o próprio autor do livro, e lá pude compreender essa nova modalidade de atendimento, entendendo suas particularidades. De acordo com Ponciano, o campo é um todo, no qual as partes estão em relacionamento. Essa totalidade inclui pessoa e meio, variáveis psicológicas e não psicológicas; e estes elementos se influenciam e estão dinamicamente inter-relacionados.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Intervenção multidisciplinar e violência doméstica

"A pessoa mais bacana do mundo também tem um lado perverso. E a pessoa mais arrogante pode ter dentro de si um meigo. Escolhemos uma versão oficial para consumo externo, mas os nossos eus secretos também existem e só estão esperando uma provocação para se apresentarem publicamente. A questão é perceber se a pessoa com quem você convive ajuda você a revelar o seu melhor ou o seu pior."

Martha Medeiros.

A violência contra as mulheres representa uma grave violação dos direitos humanos, que compromete a saúde e o desenvolvimento integral da mulher na sociedade. Este tipo de violência trata-se de um fenômeno complexo e multifacetado, cujo entendimento abrange uma compreensão de suas dimensões psíquica, social, cultural e jurídica.
O autor corrobora tal perspectiva ao considerar a violência doméstica como um processo social, judicial, interpessoal e pessoal de interpretação de um relacionamento íntimo e agressivo. Neste sentido, para compreender como as relações abusivas começam e são mantidas na família, é necessário um olhar que abranja as relações familiares e sociais como um todo, considerando, portanto, o caráter sistêmico da violência doméstica.
Diante disso, precisamos refletir acerca do campo científico e suas implicações, isto é, o conhecimento científico está em constantes reformulações e questionamentos em que métodos, intervenções e teorias considerados eficazes dentro de um modelo tradicional de ciência não têm sido capazes de explicar e compreender acontecimentos complexos e multifacetados, os quais exigem do profissional uma postura diferenciada daquela visão rotulada, reducionista e objetiva. A nova ciência passa, portanto, a buscar formas mais integradas de conhecimento e ação, enfatizando tanto o sujeito quanto o seu contexto.
A Psicologia, por sua vez, tem lidado com realidades complexas repletas de contradições e paradoxos. Dentre estas, a intervenção em casos de violência em diferentes contextos, seja na justiça, na saúde, na educação ou no próprio consultório, que exigem ações mais flexíveis e interconectadas. A violência não é um problema que se restrinja às práticas terapêuticas de consultório, mas que requer mudança das relações sociais de maneira geral e, para isto, necessita da articulação e cooperação do psicólogo com outros profissionais.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A violência sempre existiu?

Por mais que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligação com o desejo e com o poder.

(A ordem do discurso, Michel Foucault).

A violência social tem sua origem, sem dúvidas, no seio familiar, em que a violência socialmente reprimida no meio público encontra seu respaldo como instrumento permitido e necessário de educação. É reconhecido que essa cultura secularmente arraigada de punir para educar, tem diminuído, mas ainda sobrevive em famílias onde há falta de informação, que pode ter relação direta com a situação socioeconômica.
A violência em suas diversas manifestações tem sido objeto de estudo bastante explorado no âmbito das ciências humanas. As teorias acerca da violência visam, de maneira geral, a compreensão dos sentidos da violência e do estabelecimento de sua legitimidade. Weber (2008 apud Angelim, 2009) aponta que o Estado tem como uma de suas funções o monopólio do uso legítimo da violência, não podendo nenhum grupo ou indivíduo, senão no exercício das funções do Estado, fazer uso da força física. Assim, o Estado se consolida como única fonte de ao exercício legítimo da violência e esta se apresenta como um fenômeno heterogêneo e que se apresenta como uso do poder que transgride determinadas normas sociais.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Filme: “Phoebe in Wonderland”





AUTORA DO TEXTO: Ana Carolina Lima da Silva.


Cópias apenas mediante autorização da autora. Plágio é crime!


O filme causa discussões relevantes como o diagnóstico e suas possíveis consequências, isto é, os efeitos que um diagnóstico pode causar no sujeito em questão, bem como em seu contexto social. Assim, por diversas vezes, os sintomas apresentados por Phoebe, causa-nos hipóteses de diversas doenças ou transtornos. De fato, o filme revela a grande sintomatologia de Phoebe: Síndrome Gilles de la Tourette, uma doença pouco comum no Brasil e que pode acarretar na falta de informações necessárias para um bom diagnóstico, principalmente porque esta doença assemelha-se a outras comumente estudadas e discutidas em diversos países. Desse modo, percebe-se a necessidade de um diagnóstico diferencial, no sentido de uma pesquisa aprofundada, baseada na construção de um vínculo terapêutico a fim de perceber as necessidades, angústias, medos etc, que o sujeito traz e que o causam sintomas e comportamentos muitas vezes incompreendidos pelo contexto familiar e/ou escolar em que está inserido.
Assim, é necessário discutir algumas relações retratadas no filme, como a dinâmica familiar. O casal, pais de Phoebe, apresenta uma relação instável, pois a mãe encontra-se encarregada de cuidar da casa, bem como de suas duas filhas, Phoebe e Olívia, o que a deixa frustrada; pois ela tem interesse em concluir seu livro sobre Alice no país das maravilhas; porém vê-se impossibilitada de fazê-lo. Enquanto isso, o pai dedica-se exclusivamente a conclusão e publicação de seu livro, apresentando-se apenas como provedor financeiro da casa e deixando sua responsabilidade de cuidador e sua participação efetiva nas tarefas escolares e no cotidiano das garotas, unicamente à mãe. Essa relação “distanciada” gerou dificuldades de relacionamento entre o casal e consequentes discussões desarmoniosas entre os mesmos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Família e adolescentes em conflito com a Lei

“O fato sombrio é que somos a espécie mais cruel e implacável que jamais pisou sobre a Terra e que, embora possamos ficar horrorizados quando lemos,
no jornal ou nos livros, histórias sobre atrocidades cometidas pelo homem
contra o homem, sabemos, intimamente, que cada um de nós abriga dentro de
si os mesmos impulsos selvagens que levam ao assassínio, à tortura e à
guerra." (Anthony Storr)

   Penso, Ramos & Gusmão (2009) apontam que a adolescência é caracterizada por uma “revolução biopsicossocial” (p. 214), uma vez que apresenta mudanças significativas do ponto de vista biológico, bem como mudanças de comportamentos, expressividade e características psicológicas que dependem da cultura e sociedade em que estão inseridos e se desenvolvem.
Assim, podemos inferir que a adolescência é caracterizada por uma “crise de identidade” (p. 214), visto que cada idade tem suas próprias características, sua própria identidade. Entretanto, a crise acentuada ocorre na adolescência e é determinada de diversas maneiras por antecedentes e fatos ocorridos anteriormente e que também podem determinar o que ocorrerá adiante. Desse modo, diante da crise de identidade, o adolescente reagirá de acordo com a maneira que integrou os elementos da identidade durante sua infância.
As dificuldades vividas pelos sujeitos são influenciadas por suas relações, ou seja, a família do sujeito reflete a construção da sua identidade. Assim, devemos considerar a condição peculiar de desenvolvimento e a complexidade do lugar social do adolescente.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Realidade em um enfoque fenomenológico-existencial

“Então acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas” (Chbosky, 2012).

A fenomenologia, como filosofia, estuda o fenômeno em si, a essência de nossas percepções e do desvendamento do nosso objeto de procura e conhecimento. É um conhecimento a priori, uma ontologia que estuda o ser, universal ou individual, como um dado para nossa consciência (Romero, 2010).
O existencialismo é uma corrente mais ampla que a fenomenologia, mas ambas se complementam. Introduzido por Husserl, mas nascido oficialmente em 1927, com a publicação de Ser e Tempo de Martin Heidegger, o existencialismo suscita reflexões acerca do ser. Questionar e refletir acerca do que somos e como existimos, traz à tona sentimentos de angústia e incompletude do ser (Romero, 2010).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nostalgia

Há quem diga que mulher com 20 e poucos anos de idade precisa ser madura. Mas o que é ser madura?
Eu acho que sempre vou ser essa eterna adolescente comprando livros, que fica deslumbrada ao entrar em uma livraria, que se alegra ao sentir o cheiro das páginas de um livro, que se apaixona por palavras, que chora, sofre e sorri junto aos personagens, que fica horas em uma fila a espera de um autógrafo, mas que se diverte com as garotas que se parecem com quem um dia fora, quando tinha uns 15 anos de idade.
Na verdade, será que eu cresci? Às vezes percebo que não me pareço em nada com algumas garotas da minha idade. Não tenho os mesmos gostos, não tenho os mesmos assuntos e ainda possuo um diário. Não vou a bailes funks, não me embriago e não danço até o chão. Ainda não me casei e não tive filhos. Mas sou feliz com os poucos amigos que tenho e me sinto como a adolescente que fui alguns anos atrás.. 
Sinto saudade das minhas dúvidas adolescentes, das paixões mal resolvidas, das lágrimas que um dia derramei por garotos que amei, das conquistas que tive... Mas a saudade maior é ver o mundo como uma eterna adolescente apaixonada pela vida!
Eu sou assim e posso garantir que sou feliz, pois nenhum livro é melhor do que a própria vida, mas eu posso fazer da minha vida um verdadeiro conto de fadas.

Autoria: Ana Carolina Lima da Silva - psicóloga