“Hoje,
desejo dizer: ‘Após ser – fazer e deixar-se fazer. Mas ser, antes de tudo’.”
(Winnicot, 1975, p. 120).
Evan Taylor vive toda sua infância em um orfanato, à espera de encontrar seus pais. Ele herda de seu pai Louis, guitarrista de rock, e sua mãe Lyla, violoncelista clássica, o amor e o talento musical que vai desenvolvendo no decorrer da história. Sua vida no orfanato é composta por muitos conflitos, principalmente com os outros garotos que convivem com ele, pois Evan acredita encontrar seus pais através da música que ouve. Os demais garotos do orfanato se irritam com a afirmação de Evan, porque em sua maioria, já desistiram de reencontrar seus pais.
O garoto vive a ausência de seus pais e consequentemente a angústia. Desse modo, ele se apega à música como uma forma de ilusionar a presença de seus pais: “Ouça! Consegue ouvir? A música?! Eu consigo ouvi-la em qualquer lugar. No vento. No ar. Na luz. Está ao nosso redor. A gente precisa se abrir. A gente só precisa... ouvir.” (Trecho da fala de Evan Taylor). Assim, a procura por seus pais é intensa e incansável e Evan não mede esforços para conseguir encontrá-los, fugindo então, do orfanato em que vive. O garoto segue sem rumo, apenas ouvindo a música. A fim de encontrar seus pais, ele caminha e chega até à cidade de Nova Iorque, onde se depara com o agito e os perigos de uma metrópole, mas, onde a música ainda se faz presente para si.
Onde eu cresci, tentaram me fazer
parar de ouvir música. Mas, quando eu estou sozinho... Ela cresce dentro de
mim. E eu acho que se aprendesse como tocá-la, eles talvez me ouvissem e
saberiam que sou o filho deles. E me achariam. (...) Às vezes, o mundo tenta
arrancar isso de você. Mas eu acredito na música assim como alguns acreditam em
contos de fadas. Gosto de imaginar que o que ouço, vem da minha mãe e do meu
pai. Talvez as notas que eu ouço, sejam as mesmas que eles escutaram na noite
em que se conheceram. Talvez tenham se reencontrado assim... como vão me
reencontrar. (Trecho da fala de Evan Taylor).