"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Reflexão: "Encontro marcado com a loucura"


A partir de um estudo sobre a loucura, percebi que este termo tem sido discutido desde a Grécia Antiga e sofreu diferentes variações de significados. Mas será que a definição do termo loucura provocou novas perspectivas na ciência?
A loucura sob o ponto de vista médico tem um significado biológico e fisiológico, totalmente medicamentoso. Pude perceber tais concepções a partir da influência de autores e estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento de novos conceitos sobre a loucura. Apesar de grandes mudanças, a loucura, infelizmente, ainda não recebe sua devida importância. Por que as pessoas ainda acham que a solução para a loucura é o manicômio? Por que não buscamos novas concepções que visem integrar a subjetividade do sujeito no processo saúde e doença? Por que ainda acham que o remédio é a única solução?
Ora, não posso negar a importância do uso adequado da medicação; entretanto, não se pode esquecer que a medicação não cura os sujeitos que a utilizam. O ser humano continua a sentir seus medos, temores, paixões, sentimentos e expressam sua sexualidade; pois todos estes aspectos moldam a subjetividade humana. O que seria do homem sem a obscuridade do seu inconsciente e seus mecanismos de defesa?
A medicação controla, mas não cura o homem. A loucura não pode ser vista e pensada apenas sob o ponto negativo, pois a loucura pode ensinar muito, bem como promover as potencialidades, as possibilidades e a criatividade que cada indivíduo possui. Muitos sujeitos encontram o espaço para “ser”, apenas na loucura; uma vez que não conseguem lidar com a realidade tal como ela é.
Desse modo, pude concluir que o conceito de normalidade pode ter várias significações, pois cada área possui ideias divergentes, que em alguns casos, dificultam o tratamento dos sujeitos. Assim, a partir da leitura do livro e das discussões realizadas na disciplina Psicopatologia, inferi que para a realização de um bom diagnóstico é necessário o conhecimento do contexto no qual o sujeito está inserido. O psicoterapeuta deve compreender o sujeito a partir da suspensão de seus a prioris, dogmas e representações sociais.
Portanto, a Psicopatologia (o estudo do adoecimento mental), considera que a normalidade varia de acordo com a cultura, levando em conta o contexto cultural e social do sujeito. Para mim, esta é uma visão completa sobre o adoecimento psíquico; uma vez que possibilita um diagnóstico diferencial e pluridimensional, isto é, sob vários eixos e diferentes olhares.
Apesar de toda a complexidade do ser humano e, principalmente do termo loucura, as aulas de Psicopatologia expressam a importância da função social dos profissionais envolvidos no processo saúde e doença. Tais concepções acarretam em uma visão ampla, dinâmica e multifacetada sobre os fatores causadores do adoecimento psíquico.
Então, não nos cabe o julgamento errôneo sobre o que é estar louco, pois já dizia Caetano Veloso: “(...) de perto ninguém é normal.” Todo ser humano apresenta momentos de temores, frustrações, melancolia, alucinações, etc. A loucura não precisa ser desvendada, pois está diante de nossos olhos a todo instante. O que precisamos fazer urgentemente é mudar as concepções errôneas que temos sobre “estar louco”, compreendendo e contribuindo para novos rumos no estudo da Saúde Mental.
Ser louco não é usar remédios controlados, ser amordaçado, levar choques, estar preso em manicômios; pois isso sim é a loucura em sua forma! As pessoas com doença mental necessitam do mesmo amor, compreensão, paciência e compaixão que as pessoas ditas “normais”. O mundo está adoecido e as pessoas já não dão mais valor à subjetividade humana. Chego a pensar que talvez o mundo que está fora das clínicas e dos hospitais, esteja tornando-se louco sem sequer perceber.

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