A partir de um estudo sobre
a loucura, percebi que este termo tem sido discutido desde a Grécia Antiga e
sofreu diferentes variações de significados. Mas será que a definição do termo
loucura provocou novas perspectivas na ciência?
A loucura sob o ponto de
vista médico tem um significado biológico e fisiológico, totalmente
medicamentoso. Pude perceber tais concepções a partir da influência de autores
e estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento de novos conceitos sobre a
loucura. Apesar de grandes mudanças, a loucura, infelizmente, ainda não recebe
sua devida importância. Por que as pessoas ainda acham que a solução para a
loucura é o manicômio? Por que não buscamos novas concepções que visem integrar
a subjetividade do sujeito no processo saúde e doença? Por que ainda acham que
o remédio é a única solução?
Ora, não posso negar a
importância do uso adequado da medicação; entretanto, não se pode esquecer que
a medicação não cura os sujeitos que a utilizam. O ser humano continua a sentir
seus medos, temores, paixões, sentimentos e expressam sua sexualidade; pois
todos estes aspectos moldam a subjetividade humana. O que seria do homem sem a
obscuridade do seu inconsciente e seus mecanismos de defesa?
A medicação controla, mas
não cura o homem. A loucura não pode ser vista e pensada apenas sob o ponto
negativo, pois a loucura pode ensinar muito, bem como promover as
potencialidades, as possibilidades e a criatividade que cada indivíduo possui.
Muitos sujeitos encontram o espaço para “ser”, apenas na loucura; uma vez que
não conseguem lidar com a realidade tal como ela é.
Desse modo, pude concluir
que o conceito de normalidade pode ter várias significações, pois cada área
possui ideias divergentes, que em alguns casos, dificultam o tratamento dos
sujeitos. Assim, a partir da leitura do livro e das discussões realizadas na
disciplina Psicopatologia, inferi que para a realização de um bom diagnóstico é
necessário o conhecimento do contexto no qual o sujeito está inserido. O
psicoterapeuta deve compreender o sujeito a partir da suspensão de seus a prioris, dogmas e representações
sociais.
Portanto, a Psicopatologia
(o estudo do adoecimento mental), considera que a normalidade varia de acordo
com a cultura, levando em conta o contexto cultural e social do sujeito. Para
mim, esta é uma visão completa sobre o adoecimento psíquico; uma vez que
possibilita um diagnóstico diferencial e pluridimensional, isto é, sob vários
eixos e diferentes olhares.
Apesar de toda a
complexidade do ser humano e, principalmente do termo loucura, as aulas de Psicopatologia
expressam a importância da função social dos profissionais envolvidos no
processo saúde e doença. Tais concepções acarretam em uma visão ampla, dinâmica
e multifacetada sobre os fatores causadores do adoecimento psíquico.
Então, não nos cabe o
julgamento errôneo sobre o que é estar louco, pois já dizia Caetano Veloso: “(...) de perto ninguém é normal.” Todo
ser humano apresenta momentos de temores, frustrações, melancolia, alucinações,
etc. A loucura não precisa ser desvendada, pois está diante de nossos olhos a
todo instante. O que precisamos fazer urgentemente é mudar as concepções
errôneas que temos sobre “estar louco”, compreendendo e contribuindo para novos
rumos no estudo da Saúde Mental.
Ser louco não é usar
remédios controlados, ser amordaçado, levar choques, estar preso em manicômios;
pois isso sim é a loucura em sua forma! As pessoas com doença mental necessitam
do mesmo amor, compreensão, paciência e compaixão que as pessoas ditas
“normais”. O mundo está adoecido e as pessoas já não dão mais valor à
subjetividade humana. Chego a pensar que talvez o mundo que está fora das
clínicas e dos hospitais, esteja tornando-se louco sem sequer perceber.
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