"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Nota sobre a morte de adolescentes no Rio de Janeiro

Não tenho tido muito tempo para atualizar o blog. Contudo, eu não poderia deixar de comentar sobre o ocorrido no Rio de Janeiro.
Em primeiro lugar, gostaria de deixar a minha solidariedade às vítimas.
Mas eu gostaria de opinar sobre o fenômeno. De fato, não podemos imaginar em “perdoar” quem causou tudo isso. E nem é a minha intenção que assim façam. Porém, eu estou impressionada com tantas bobagens que a mídia vem "vendendo" para o rapaz. Simplesmente estão tentando explicar o inexplicável... Dizer sobre algo que é indizível!
Que tal pararmos de tentar saber o motivo que levou o rapaz a cometer tal tragédia, ou o que ele era, sofria e deixou de ser?
Precisamos focar os nossos olhares às vítimas e só. No momento, estão precisando apenas de alguém que os escute e não os pergunte ou questione. É necessário ouvi-los sem que haja qualquer julgamento.
Estou impressionada com a falta de ética dos profissionais, principalmente da minha classe de psicólogos. Estão tentando diagnosticar o rapaz como se fosse algo possível. Não é só porque apareceram algumas pessoas que o conheciam, e que o que elas falam irão determinar o entendimento dos aspectos da personalidade e comportamentos do indivíduo. O diagnóstico vai bem além disso! Requer tempo, conversa... o que é impossível, uma vez que o rapaz tenha cometido suicídio.
O meu post hoje será pequeno, pois a minha nota está um tanto quanto atrasada né!?
Mas enfim, quero apenas opinar sobre o fenômeno e dizer que as falsas ideologias da sociedade estão sendo incorporadas cada vez mais por nós sem que haja qualquer questionamento. A mídia vem cada vez mais traçando o que é certo e errado para as pessoas, vem realizando as escolhas que deveriam ser feitas por nós mesmos.
Como assim perguntar para um adolescente: “O que você sentiu ao ver as pessoas mortas, feridas?” ou “O que você sentiu quando ele colocou a arma em sua cabeça?” Ora, há palavras que possam descrever esse momento? Não.
Mas conseguimos imaginar o que ele possa ter sentido? Talvez.
E cabe a mim, questionar alguém que passou por um fenômeno traumático? É claro que não!
Aliás, não cabe a ninguém. Essas são perguntas que não são feitas assim, tão diretamente sem que haja qualquer acompanhamento terapêutico. Esse acontecimento não foi algo simples, é complexo. Trata-se de muitos contextos, muitas explicações que não devem ser ditas sem a análise adequada e nem por qualquer um.
Enfim, deixo a minha crítica construtiva, para que deixem de se perguntar por que o rapaz fez isso, ou achar que ele é um louco ou isso ou aquilo! São respostas sem explicações concretas. Apenas, cuidem para que a situação não seja drástica por completo. Há muito o que fazer pelas vítimas, que nesse momento devem ser o foco do cuidado.
Aprendam a respeitar o limite que lhe é “seu”, o limite que é do “outro” e o limite que é “nosso”.

“As pessoas não sabem mais olhar para dentro de si mesmas e se verem tais como são: imensas, sagradas e plenas de potencialidades. É função da psicoterapia colocar a pessoa, a todo instante, diante de si mesma, olhando-se sem prevenção, sem despreza, sem culpa de querer ser feliz; mas com amor, orgulho de si mesma, com fascínio e celebração da própria realidade.”
Jorge Ponciano Ribeiro

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