"Eu acredito em minhas possibilidades e potencialidades. Eu faço a minha existência aqui e agora." [Ana Carolina]

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Filme: “Phoebe in Wonderland”





AUTORA DO TEXTO: Ana Carolina Lima da Silva.


Cópias apenas mediante autorização da autora. Plágio é crime!


O filme causa discussões relevantes como o diagnóstico e suas possíveis consequências, isto é, os efeitos que um diagnóstico pode causar no sujeito em questão, bem como em seu contexto social. Assim, por diversas vezes, os sintomas apresentados por Phoebe, causa-nos hipóteses de diversas doenças ou transtornos. De fato, o filme revela a grande sintomatologia de Phoebe: Síndrome Gilles de la Tourette, uma doença pouco comum no Brasil e que pode acarretar na falta de informações necessárias para um bom diagnóstico, principalmente porque esta doença assemelha-se a outras comumente estudadas e discutidas em diversos países. Desse modo, percebe-se a necessidade de um diagnóstico diferencial, no sentido de uma pesquisa aprofundada, baseada na construção de um vínculo terapêutico a fim de perceber as necessidades, angústias, medos etc, que o sujeito traz e que o causam sintomas e comportamentos muitas vezes incompreendidos pelo contexto familiar e/ou escolar em que está inserido.
Assim, é necessário discutir algumas relações retratadas no filme, como a dinâmica familiar. O casal, pais de Phoebe, apresenta uma relação instável, pois a mãe encontra-se encarregada de cuidar da casa, bem como de suas duas filhas, Phoebe e Olívia, o que a deixa frustrada; pois ela tem interesse em concluir seu livro sobre Alice no país das maravilhas; porém vê-se impossibilitada de fazê-lo. Enquanto isso, o pai dedica-se exclusivamente a conclusão e publicação de seu livro, apresentando-se apenas como provedor financeiro da casa e deixando sua responsabilidade de cuidador e sua participação efetiva nas tarefas escolares e no cotidiano das garotas, unicamente à mãe. Essa relação “distanciada” gerou dificuldades de relacionamento entre o casal e consequentes discussões desarmoniosas entre os mesmos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Família e adolescentes em conflito com a Lei

“O fato sombrio é que somos a espécie mais cruel e implacável que jamais pisou sobre a Terra e que, embora possamos ficar horrorizados quando lemos,
no jornal ou nos livros, histórias sobre atrocidades cometidas pelo homem
contra o homem, sabemos, intimamente, que cada um de nós abriga dentro de
si os mesmos impulsos selvagens que levam ao assassínio, à tortura e à
guerra." (Anthony Storr)

   Penso, Ramos & Gusmão (2009) apontam que a adolescência é caracterizada por uma “revolução biopsicossocial” (p. 214), uma vez que apresenta mudanças significativas do ponto de vista biológico, bem como mudanças de comportamentos, expressividade e características psicológicas que dependem da cultura e sociedade em que estão inseridos e se desenvolvem.
Assim, podemos inferir que a adolescência é caracterizada por uma “crise de identidade” (p. 214), visto que cada idade tem suas próprias características, sua própria identidade. Entretanto, a crise acentuada ocorre na adolescência e é determinada de diversas maneiras por antecedentes e fatos ocorridos anteriormente e que também podem determinar o que ocorrerá adiante. Desse modo, diante da crise de identidade, o adolescente reagirá de acordo com a maneira que integrou os elementos da identidade durante sua infância.
As dificuldades vividas pelos sujeitos são influenciadas por suas relações, ou seja, a família do sujeito reflete a construção da sua identidade. Assim, devemos considerar a condição peculiar de desenvolvimento e a complexidade do lugar social do adolescente.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Realidade em um enfoque fenomenológico-existencial

“Então acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas” (Chbosky, 2012).

A fenomenologia, como filosofia, estuda o fenômeno em si, a essência de nossas percepções e do desvendamento do nosso objeto de procura e conhecimento. É um conhecimento a priori, uma ontologia que estuda o ser, universal ou individual, como um dado para nossa consciência (Romero, 2010).
O existencialismo é uma corrente mais ampla que a fenomenologia, mas ambas se complementam. Introduzido por Husserl, mas nascido oficialmente em 1927, com a publicação de Ser e Tempo de Martin Heidegger, o existencialismo suscita reflexões acerca do ser. Questionar e refletir acerca do que somos e como existimos, traz à tona sentimentos de angústia e incompletude do ser (Romero, 2010).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nostalgia

Há quem diga que mulher com 20 e poucos anos de idade precisa ser madura. Mas o que é ser madura?
Eu acho que sempre vou ser essa eterna adolescente comprando livros, que fica deslumbrada ao entrar em uma livraria, que se alegra ao sentir o cheiro das páginas de um livro, que se apaixona por palavras, que chora, sofre e sorri junto aos personagens, que fica horas em uma fila a espera de um autógrafo, mas que se diverte com as garotas que se parecem com quem um dia fora, quando tinha uns 15 anos de idade.
Na verdade, será que eu cresci? Às vezes percebo que não me pareço em nada com algumas garotas da minha idade. Não tenho os mesmos gostos, não tenho os mesmos assuntos e ainda possuo um diário. Não vou a bailes funks, não me embriago e não danço até o chão. Ainda não me casei e não tive filhos. Mas sou feliz com os poucos amigos que tenho e me sinto como a adolescente que fui alguns anos atrás.. 
Sinto saudade das minhas dúvidas adolescentes, das paixões mal resolvidas, das lágrimas que um dia derramei por garotos que amei, das conquistas que tive... Mas a saudade maior é ver o mundo como uma eterna adolescente apaixonada pela vida!
Eu sou assim e posso garantir que sou feliz, pois nenhum livro é melhor do que a própria vida, mas eu posso fazer da minha vida um verdadeiro conto de fadas.

Autoria: Ana Carolina Lima da Silva - psicóloga

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Avaliação psicológica e representações sociais

Shine (2005) aponta que “a avaliação psicológica em contexto forense ou jurídico precisa ser reconhecida pelo que ela é: uma modalidade específica de avaliação com características intrínsecas ao seu objeto e objetivo.” (p. 1).
Shine (2005) explica que

[...] por objeto da avaliação psicológica se entende a questão pertinente que a avaliação trata de investigar, ou posto de outra forma, trata-se de um problema a resolver, uma questão a responder. Lembremos que a Psicologia funciona por meio da busca de uma resposta a uma pergunta específica (Qual é a inteligência do fulano?, por exemplo). [...] Uma vez que o objeto se define por uma questão-problema, o objetivo será dado pela demanda que é feita ao psicólogo em sua avaliação. (Shine, 2005, p. 2).

Porém, os técnicos em Psicologia passaram a utilizar a avaliação psicológica, esquecendo-se das implicações de seu uso. Assim, a expansão da psicotécnica se deu paralelamente à expansão de teorias psicológicas, distanciando-se dos dados que os testes poderiam oferecer (qualitativos e quantitativos) para a ampliação dos conhecimentos clínicos e experimentais. (Miranda Jr., 2005)
Tereza Mito (1998 apud Miranda Jr., 2005) denomina a avaliação psicológica baseada em testes e instrumentos padronizados como avaliação “formal”, afirmando que “ela surgiu da necessidade do profissional apegar-se a instrumentos ‘mais confiáveis’ do que a própria percepção pessoal.” (p. 160).

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Exclusão social: enfraquecimento e ruptura dos vínculos sociais

      A exclusão social é um conceito complexo e multifacetado, que compreende diversos fenômenos. Exclusão não é sinônimo de pobreza, mas ambas estão articuladas em um mesmo processo que produz e reproduz modelos econômicos, políticos e sociais de desqualificação social, isto é, não podemos refletir ou discutir acerca da exclusão sem considerar o processo de inclusão, pois ambas estão interligadas e influenciam as relações sociais.
     Diante de toda a discussão sobre exclusão social, percebemos que a carência econômica é uma dimensão da exclusão, e está ligado às relações de poder desiguais. E para esta relação de poder se manter, deve ser naturalizada a partir de discursos e atitudes contraditórios, que implicam em formas que os sujeitos encontram de se firmarem na realidade social e serem "aceitos" socialmente.
       Desse modo, vemos que a ideologia não é falsa, mas ilusória e busca formas de legitimar ideias dominantes, mascarando aspectos da sociedade ao enfatizar determinados aspectos para que outros sejam despercebidos e desvalorizados. Assim, a pobreza assume um status de isolamento, em que os sujeitos pobres buscam esconder sua inferioridade e isolarem-se dos sujeitos pobres, escondendo até mesmo de seus familiares por vergonha de sua condição de pobreza e miserabilidade.
       

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Modernidade Líquida

‎"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece".

- Clarice Lispector.





Zygmunt Bauman discute acerca do homem contemporâneo, apontando que o homem se constitui como tal em uma sociedade de prazeres facilmente consumíveis em que se vê sozinho em meio aos conflitos que vivencia devido ao processo de individualização. Tal processo surge devido ao contexto fluido em que a sociedade se encontra, consequência das incertezas e flutuações econômicas e dos valores morais e éticos. Ele aponta que a dominação ideológica, atualmente é feita por meio da velocidade, do movimento constante e do descompromisso, os quais os mantenedores da ideologia capitalista estão utilizando para se fluidificarem no existir em sociedade e a constituição subjetiva dos sujeitos. Sem rumo e orientações, sem amparo e guias e componente de instituições facilitadoras do processo de individualização, destituídas de tempo e espaço; o homem contemporâneo se configura como refém de um sistema mascarado e possuidor de identidade fluida, sem preocupação em construir e solidificar vínculos; e assim, passa a se constituir igualmente fluido. Esta é a sociedade contemporânea, constituída em uma modernidade líquida e fluida, que legitima o poder de uns sobre os outros, em que um dos lados deve se submeter ao outro. Desse modo, as relações são "descartáveis", sem estabelecimento de vínculos, pois o objetivo capitalista é o acúmulo de riqueza através da expropriação do outro. O trabalho é feito por si mesmo e em si mesmo, denotando relações individualizadas que valorizam o homem pelo que ele "tem" e não pelo que ele é.
As práticas sociais revelam que a contemporaneidade apresenta uma vida para o consumo, isto é, o homem não é reconhecido por sua produção ou criação de algo, mas pelo que ele consome. Assim, a sociedade "vende" uma imagem de novas tecnologias e novas necessidades para que os sujeitos sejam reconhecidos e exerçam papel importante nos grupos sociais. O consumo determina que a sociedade necessita destas tecnologias, o que acarreta em laços afetivos fracos e descartáveis, visto que é mais importante comprar/possuir algo do que amar e ser amado pelo outro a partir de relações concretas.